Um drive-in a céu aberto com dezenas de muscle cars estacionados. Na telona, rodava Bullitt, clássico automotivo estrelado pelo magnífico Steve McQueen. Eu poderia jurar que estava de volta à década de 1960, não fossem as câmeras, luzes e uma multidão de figurantes, produtores e jornalistas por todos os lados. Digno de fazer brilhar os olhos de qualquer gearhead, este é o cenário de uma das cenas de Need for Speed, adaptação cinematográfica do aclamado jogo homônimo.
O local foi escolhido a dedo pela produção do longa. É na cidadezinha de Blue Ridge, fincada no coração da Geórgia, que resiste um dos poucos drive-ins ainda ativos dos Estados Unidos: o Swan Drive-In Theather, inaugurado em 1955. A intenção, segundo o diretor Scott Waugh, é fazer do filme um brinde à cultura automotiva norte-americana. Não à toa, o carro símbolo da produção é um Ford Mustang, especialmente preparado para a franquia.
Os personagens também estão enraizados no estilo de vida americano. O enredo acompanha a vida de Tobey Marshall, um mecânico Interpretado por Aaron Paul (o Jesse da série Breaking Bad), que participa de corridas ilegais a fim de conseguir dinheiro para manter sua oficina funcionando. Em um dos rachas, o sócio Dino (Dominic Cooper), ex-piloto da Nascar, causa um acidente que mata o melhor amigo de Tobey e faz com que o mecânico leve a culpa. Após dois anos preso, Marshall é libertado e inicia sua busca por vingança. A única forma de derrotar o rival é vencendo-o no mais importante e perigoso circuito de corrida clandestina. E aí que os elementos do jogo entram em ação.
E que ação. O filme quer realmente fazer jus ao game que lhe deu origem. Assim como a versão virtual, o longa não está nem um pouco preocupado em parecer verossímil. Espere por perseguições em altíssima velocidade, capotagens espetaculares, explosões e, claro, uma dose insana de supercarros, dos musculosos americanos aos refinados superesportivos europeus. A ambientação das cenas de corrida também é bastante fiel ao jogo, recriando alguns cenários típicos do game, como as pistas em circuitos rodoviários sinuosos e os grandes pegas dentro da cidade.
Para encarar as feras motorizadas, o protagonista Aaron Paul teve aulas de pilotagem, com direito a “módulos especiais” com drift e zerinhos. “Esse é sem dúvida um dos trabalhos mais divertidos da minha carreira. Quem não adoraria sair pelo país dirigindo carrões?”, conta o ator, que em determinados momentos de gravação chegou a alcançar 226 km/h ao volante. “Tentamos fazer as cenas da maneira mais real possível”, explica. A preparação para o papel, é claro, também envolveu horas à frente do PlayStation. “Já era um fã de Need for Speed, mas intensifiquei meu treinamento quando aceitei entrar para o filme. Tudo em nome da profissão”, brinca Aaron.
Essa insana orquestra automotiva não poderia estar em melhores mãos. Antes de se aventurar no posto de diretor, Scott Waugh trabalhou por anos como dublê de cenas de ação. Além de ser declaradamente um entusiasta do mundo das rodas. “Os carros são parte da minha vida, da minha cultura. Todo esse universo que eu amo está presente no filme. Falamos sobre carros de corrida, de velocidade, mas também trazemos o conceito da customização, que é muito forte nos Estados Unidos”, diz Waugh, que afirma ter se inspirado em clássicos de peso como Corrida Contra o Destino, Operação França e o próprio Bullitt, citado no início.
O longa se encaixa em um gênero bastante lucrativo da indústria. Embora a lista de filmes baseados em games não tenha um bom histórico de sucesso de bilheterias, produções como Resident Evil e Tomb Rider se tornaram franquias. E o nome de Need for Speed já é forte o suficiente para atrair público. Os games da série emplacaram mais de 140 milhões de cópias vendidas ao redor do globo.
Mas não dá para negar que o longa da Dreamworks pegará carona no sucesso de Velozes & Furiosos, cuja sétima parte da franquia estreia em 2015. A comparação entre os dois longas, no entanto, é rebatida pelo diretor. “Não estamos roubando, matando ou cometendo algum crime. Need for Speed é sobre carros”, afirma. “Acho que estava faltando um bom filme do gênero, as pessoas estão ansiando por isso. Nós vamos entregar um grande filme”, conclui Aaron Paul.
Réplicas
O elenco de supercarros de Need for Speed é pesado. O filme conta com máquinas como Lamborghini Sesto Elemento, Bugatti Veyron e McLaren P1. Apenas nestes três exemplos, já teríamos um montante de mais de US$ 10 milhões reunidos e ninguém quer dar um arranhãozinho em uma jóia dessas, certo? Pensando nisso, a produção do filme mandou construir 15 réplicas de supercarros apenas para as gravações. Mais baratos, os modelos entregam praticamente o mesmo poder que os veículos originais, mas ganham passe livre para serem destruídos à vontade.
Confira o trailer de Need For Speed com uma mensagem exclusiva do diretor Scott Waugh aos Automaníacos!
Fonte: www.revistaautoesporte.globo.com