A queda de mais de 75% na produção de caminhões no mês passado revelada pelo balanço da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) no Brasil tem como fundo a interrupção das atividades das montadoras. As companhias revelaram ao Portal Transporta Brasil que a parada foi feita para adaptar suas linhas de produção ao Euro 5 e reduzir estoques no inicio do ano, uma vez que os preços dos veículos com a nova tecnologia é mais elevado que os da anterior. O aumento de custo estimado depende da marca e do modelo e pode variar entre 8% e 20%.
A queda da produção foi decorrente da concessão de férias coletivas em todas as montadoras. Scania, Iveco, Volvo, Mercedes-Benz, Ford e MAN tiveram uma queda acentuada no ritmo de fabricação em janeiro. De acordo com a Anfavea a maior redução ficou com o segmento de leves e semileves, que recuou mais de 83%, enquanto os mais vendidos do Brasil, os semipesados e pesados, caíram 63,7% e 78,6%. Na categoria médios, o recuo foi de 79,5%. A entidade não divulga os números de produção por montadora, apenas as vendas que aí estão incluídas as de motorização Euro 3, que deixou de ser produzida em dezembro.
A Iveco confirmou a parada em janeiro por meio de férias coletivas para o ajuste da linha de montagem de Sete Lagoas com vista às novas gerações de produtos, chamada Ecoline, que está entrando em produção.
“Nós paramos por conta do acerto da linha para a nova geração de produtos.Além disso, nossos estoques de veículos Euro 3 estão reduzidos, tanto que a partir de fevereiro, já não teremos mais esses veículos para comercialização”, afirmou o diretor de vendas Brasil da Iveco, Alcides Cavalcanti.
De acordo com a Scania, a empresa ajustou a linha de montagem da fábrica também no mês de janeiro. A empresa nega que a parada tenha sido ocasionada ainda para a redução dos estoques, uma vez que o preço de seus produtos ficou mais alto.
“Para adequação à tecnologia Euro 5, o repasse para o preço final dos veículos fica em torno de 8% a 12%. Essa diferença, porém, pode ser compensada com a economia de combustível proporcionada pelos novos motores e pelos recursos oferecidos pela Scania, como o Scania Opticruise e o Scania Retarder.”, informou a montadora.
Além disso, a Scania afirma que já vendeu mais de mil unidades de veículos Euro 5 e isso, classifica a empresa, é uma demonstração de que o transportador está tranquilo em relação à nova tecnologia. Além disso, toda a rede de concessionária Scania está preparada para fazer a manutenção dos veículos e garantir a mesma eficiência e resultado para o transportador.
A Scania disse que não trabalha com estoque, e que a produção de Euro 3 já estava totalmente vendida, as ultimas unidades serão entregues até fevereiro, baseados em pedidos que receberam até dezembro e garantiu que as vendas 2012 já estão voltadas totalmente para Euro 5.
Com essas paradas, a produção de veículos foi retomada no final do mês passado, fato que ajudou a amortecer a queda do desempenho das empresas. De acordo com a Anfavea, foram produzidos pouco mais de 3,4 mil unidades em todos os dias de janeiro. Por enquanto as vendas do Euro 5 começam a ser feitas.
Porém, as vendas não deverão apresentar desempenho como o do ano passado, quando o chamado efeito pré-venda elevou a procura por caminhões no Brasil para evitar justamente esse reajuste de preços. A MAN estima um recuo de 15% nas vendas no Brasil e a Scania, no máximo, estabilidade dos números em 2012.
Fonte: Portal Transporta Brasil, por Maurício Ferla.