Picape baseada no Wrangler é importada em versão única com motor V6 aspirado; veja impressões
De olho no crescente mercado de picapes, a Jeep Gladiator chega ao Brasil. Ela marca o retorno da marca ao segmento ao redor do mundo a foi apresentada nos Estados Unidos no fim de 2018 e, por diversos motivos, demorou a poder desembarcar por aqui em versão única, Rubicon, por R$ 499.990.
Baseada no Wrangler, a Gladiator quer ser uma picape com proposta diferente dos modelos mais tradicionais do segmento. Além do preço, chegou com a motorização V6 aspirada a gasolina e diversos “truques” para o fora-de-estrada e um foco maior no lazer que no trabalho, por exemplo de sua capacidade de carga de 674 kg.
O que é?
A Gladiator é baseada no Wrangler da atual geração, a JK. Como o fora-de-estrada, usa a arquitetura de chassi-carroceria, mas as dimensões são bem diferentes. Em comprimento, são 5.591 mm, ou 806 mm a mais que o Wrangler Rubicon com 4 portas. Desse número, o entre-eixos de 3.488 mm é 480 mm maior, então temos o Wrangler na Gladiator até a coluna B, inclusive com a mesma porta dianteira. A caçamba mede 1.531 mm desse total.
Enquanto as picapes como Hilux e S10 já passam de 1 tonelada de capacidade de carga, a Gladiator segue a cartilha norte-americana. Por lá, o forte é a capacidade de reboque, aqui de 3.138 kg, mas a caçamba leva até 674 kg (menos que uma Fiat Strada) ou 1.000 litros. Por isso, não pôde ser homologada com a motorização turbodiesel, disponível no exterior.
Por isso, a única opção disponível no Brasil é o motor V6 aspirado, o Pentastar já conhecido com algumas pequenas evoluções, o 3.6 de 284 cv (6.400 rpm) e 35,4 kgfm (4.100 rpm) ligado ao câmbio automático de 8 marchas. O 2.0 turbo do Wrangler não está disponível nem mesmos nos Estados Unidos para a picape justamente pela capacidade de reboque.
Como é?
Visualmente, a Gladiator se mistura com o Wrangler. Na dianteira, os faróis redondos totalmente em LEDs estão separados pela grade de 7 barras. O capô tem as travas externas e é impossível não olhar pra ele e lembrar do passado. Nas laterais, as rodas de 17″ estão calçadas com pneus de uso misto 245/75 e estão sob os para-lamas pintados na cor do carro. O teto pode ser removido em três partes, assim como o para-brisa pode ser rebatido e até mesmo as portas removidas, charme vindo do Wrangler.
Na traseira, lanternas em LEDs quadradas nas extremidades acompanham a tampa com o escrito Jeep destacado. A picape mistura a modernidade com o visual clássico, algo que mais a diferencia das demais picapes do mercado, sem perder a qualidade de construção que esperamos de um fora-de-estrada.
Por dentro, é o Wrangler. Volante, bancos, sistema multimídia com tela de 8,4″ com espelhamento Apple CarPlay e Android Auto, painel com dois mostradores analógicos e tela de 7″ central, tudo semelhante ao Wrangler. No banco traseiro, ainda um bom espaço interno, já que a marca se preocupou em manter isso mesmo com a chegada da caçamba para tomar um pouco desse espaço entre os eixos. Ao luxo, ar-condicionado de duas zonas com saída traseira e sistema de som Alpine com direito a uma caixa removível Bluetooth para curtir fora do carro.
Como anda?
Aos que conhecem o Wrangler, sabem que é uma base feita prioritariamente para o fora-de-estrada. Não seria diferente com a Gladiador, que é exemplar nisso. Na lista de equipamentos, diferenciais Dana 44 na dianteira e traseira com bloqueio mecânico, caixa de transferência central que possibilidade 4×2, 4×4 automático, 4×4 50/50 e o 4×4 reduzido, com uma caixa de redução de 4:1.
Ainda temos os amortecedores Fox, conceituada empresa fora-de-estrada, e a barra estabilizadora que pode ser desconectada para aumentar a capacidade de articulação da suspensão dianteira. Original, a Gladiator tem ângulo de entrada de 43º, saída de 26º e rampa de 20º, com altura mínima do solo de 27 cm. Ao mesmo tempo, é uma picape fácil de ser utilizada.
Nosso primeiro contato com a picape aconteceu na região de Campina Grande, Paraíba. Na cidade, seus 5,60 m de comprimento exigem uma certa atenção na hora das manobras, mas nada que a câmera de ré não ajude. Ainda há uma câmera frontal, pensada para o fora-de-estrada com lavador, mas útil também na cidade na hora de estacionar, com certeza.
A direção é indireta, como já conhecemos do Wrangler. Exige um certo costume por ser bem diferente do que estamos acostumados nas picapes tradicionais, mas logo já faz parte. O motor V6 aspirado responde bem e o câmbio de 8 marchas faz as trocas suaves, quase sem perceber, além de um ronco bem discreto invadindo o interior para te lembrar como é bom um V6 aspirado nessa parte.
A suspensão garante que na cidade você nem perceba que o piso é ruim, ou até mesmo que existem valetas e lombadas. A traseira, com molas helicoidais, não tem o comportamento das picapes tradicionais e não fica no pula-pula nem mesmo no pior piso. Apesar do teto removível, o isolamento acústico e térmico é bom, então o conforto não é algo que podemos reclamar.
Já na parte fora-de-estrada, a Gladiator é tão capaz que não ligamos a tração 4×4 por necessidade. Ela até tem um modo Off-Road+, que calibra acelerador e câmbio para algum dos modos 4×4 selecionados, mas a picape nos deu tanta segurança que seguimos assim por um tempo. Mesmo na hora de subir um morro de pedras, ela não escorregou e passou segurança suficiente.
Ativamos o 4×4 pela alavanca para ver seu funcionamento. Realmente, na reduzida, ela pode subir paredes com o torque do V6 jogado nas rodas pela caixa de redução. Não é o motor mais moderno, mas sua força e linearidade ajudaram bastante a enfrentar alguns pontos que inventamos de subir pra ver até onde ia. Se você gosta da liberdade, pode tirar portas, teto e abaixar o para-brisa para dar uma sensação diferente.
Quanto custa?
Por R$ 499.990, a Jeep Gladiator Rubicon é uma das picapes mais caras do Brasil. Mas ela está cheia de tecnologias, como piloto automático adaptativo, alerta de ponto-cego, alerta de tráfego cruzado na traseira e alerta de colisão com frenagem automática. Além disso, tudo o que já falei além da capacidade fora-de-estrada e de ser algo bem diferente do que já nos acostumamos em picapes.
Não é à toa que a Jeep espera um cliente diferente das picapes tradicionais. Nem mesmo os modelos da marca irmã de Stellantis, a Ram, estarão ameaçados por este perfil de cliente. É bem mais estilo de vida que uma picape em si, como o próprio Wrangler é. Serão cerca de 300 unidades importadas em 2022, então é bom correr se quiser a sua, lógico se seu bolso segurar essa bronca.