Mesmo diante de queda de 2,1% dos licenciamentos no primeiro trimestre deste ano, para 812,7 mil unidades, e de retração de 7,1% de fevereiro para março, com 240,8 mil emplacamentos, a Anfavea, associação que reúne fabricantes de veículos instaladas no País, mantém a expectativa de que o mercado interno crescerá 1,1% este ano, de 3,76 milhões para 3,81 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. A aposta é de que alguns mecanismos para expandir o crédito possam reverter o quadro e trazer o crescimento de volta.
No segmento de pesados, que tinha as vendas travadas pela burocracia do crédito barato do BNDES, a Anfavea já conta em breve com a reintrodução do Finame/PSI simplificado, que deverá reduzir o tempo de a aprovação do financiamento de caminhões e ônibus para 30 dias.
Outra grande esperança da associação é o aumento de adesão ao leasing. “Temos agora uma maior segurança na modalidade (leasing), principalmente para pessoas jurídicas, com a transferência de encargos (como multas, para o tomador de crédito). Sua taxa é menor, porque não incide IOF e poderá ser um instrumento de expansão dos negócios”, explicou Luiz Moan, presidente da Anfavea. Ele disse que o leasing representou apenas 1,6% das vendas do primeiro trimestre de 2013, por isso haveria bastante espaço para crescimento. No mesmo intervalo deste ano, a adesão à modalidade subiu para 2,1%. A maior participação do leasing nas vendas, de quase 40%, foi registrada em 2008.
Para tentar reduzir o volume de carros estocados nos pátios das fábricas e concessionárias, que já chega a 387,1 mil unidades, o equivalente a 48 dias de vendas, o maior estoque já registrado pela entidade desde novembro de 2008, a Anfavea também recorre às ações de varejo que acelerem as vendas em curto prazo.
Além de tradicionais feirões das montadoras, a associação fechou pela primeira vez uma parceria com a Caixa Econômica Federal, para realização do Salão do Automóvel da Caixa, de 10 a 13 de abril. “Dos 12 milhões de correntistas da Caixa, 4 milhões terão crédito pré-aprovado para aquisição de veículos em qualquer concessionária de nossas associadas. A Anfavea incentiva todas as montadoras a participar do salão”, contou Moan.
Com estas medidas, o dirigente garante que ainda não foi preciso recorrer ao governo federal para tentar impedir que o IPI volte aos seus porcentuais normais em 1º de julho.
“Até este momento não houve conversa para reduzir o IPI, porque o mercado foi forte no primeiro bimestre. Os mecanismos apresentados podem nos ajudar a estimular o mercado em curto prazo. Se analisarmos o primeiro trimestre de 2014, houve queda de 18 mil veículos, volume que representa apenas um dia e meio de vendas a menos do que o registrado no ano mesmo intervalo do passado”, apontou.
RESULTADOS
Das 812,7 mil unidades licenciadas no primeiro trimestre, 775,3 mil foram de veículos leves, em queda de 1,7% sobre o ano passado; 30,4 mil caminhões, com retração de 11,3%; e 6,9 mil ônibus, segmento que caiu 8,8%.
– veja os dados da Anfavea
Durante a reunião mensal da entidade com a imprensa na sexta-feira, 4, Moan disse que ainda não é momento certo para rever as projeções: “É evidente que temos nos preocupado com os níveis de vendas no mercado interno, com o alto volume dos estoques e a queda nas exportações. Mas a situação do mercado ainda não está consolidada e não nos permite reavaliar os números.”
Segundo Moan, a indefinição do mercado é causada pelo setor de caminhões e ônibus. Este exerceu bastante impacto negativo no resultado do trimestre por causa do atraso da regulamentação da nova taxa do Finame PSI em janeiro, o que gerou menos contratos de financiamentos de veículos comerciais pesados. Somente no fim de janeiro foi liberado o Finame PSI convencional, que demora de 45 a 50 dias para ser aprovado pelo BNDES. Muitas vendas, portanto, ainda não foram computadas.
Assista à entrevista exclusiva com Luiz Moan, presidente da Anfavea:
Fonte: www.automotivebusiness.com.br