Sedã recebeu sistema híbrido-leve de 12V na linha 2022, mas estilo já denuncia seus 6 anos de mercado
Os carros alemães são conhecidos e até criticados por terem design sóbrio até demais. Em contrapartida, esse estilo mais comportado acaba durando mais tempo visualmente, à exemplo do Audi A4 S Line 2022 da geração B9. No entanto, qualquer carro no mercado está sujeito a ficar com estilo mais datado conforme a concorrência se atualiza, e o A4 desta geração já marca presença no mercado brasileiro há seis anos.
Como principal novidade para a linha 2022, o novo A4 recebeu o motor 2.0 turbo mais potente, que também passou a contar com sistema híbrido-leve de 12V. Mas ao contrário de algumas marcas generalistas, a Audi não vende seu clássico sedã como “híbrido”, que acaba servindo mesmo para dar uma “mãozinha” na redução do consumo, sem que o pequeno motor elétrico movimente sozinho o carro em si.
Sóbrio como sempre
A atual geração do Audi A4 é chamada B9, a quinta do modelo que surgiu na gama Audi pela primeira vez em 1994. Modelo responsável por estrear a atual identidade visual da Audi na época, esta geração foi lançada no Brasil em 2016. Em 2019, o sedã médio premium passou por uma reestilização que desembarcou no Brasil um ano depois e que se mantém até hoje.
Mas como já estamos em 2022, essa geração tem 6 anos e demonstra alguns sinais da idade, principalmente visto lado a lado com o líder do segmento, o BMW Série 3, algo que ocorreu em uma parada de semáforo no trânsito de São Paulo enquanto estava com o carro. O A4 já não chama tanta atenção e nessa situação vi que as pessoas olhavam apenas para o sedã da BMW ao lado.
E isso aconteceu mesmo com essa versão S Line do A4, que se diferencia do A4 Prestige pela grade colmeia preta, para-choque com entradas de ar maiores nas laterais, friso superior preto e faróis full-LED – aqui com opcional Matrix HD com animação das luzes na hora destravar o carro.
O carro testado também contava com rodas de liga-leve de 19 polegadas da Audi Sport calçadas com pneus 245/35, além do pequeno spoiler opcional de fibra de carbono na tampa do porta-malas e lanternas com setas dinâmicas. Mesmo com os toques de esportividade de bom gosto, o A4 continua discreto – uma de suas principais características comparado aos rivais Mercedes-Benz Classe C e BMW Série 3 em novas gerações. E isso talvez custe seu desempenho no mercado: no acumulado de vendas até julho, o A4 vendeu apenas 79 unidades, contra 154 do A5 e 365 do Mercedes Classe C, todos bem longe das 2.823 unidades do Série 3, líder disparado.
A entrega da idade perante aos modelos mais novos da Audi vem também em alguns pontos na cabine, como o estilo mais arredondando do painel, acabamento prateado e a tela da central multimídia de 10,1 polegadas destacada acima do painel. Nos Audi mais recentes, a linha de design da marca das quatro argolas ostenta linhas mais retas e angulosas, acabamento em preto brilhante e com o display digital do multimídia integrado ao painel, deslocado mais para baixo.
Não falta fôlego ao 2.0 TFSI 12V
O principal destaque da linha 2022 do A4 é o motor 2.0 TFSI com sistema híbrido-leve de 12V, que agora passa a entregar 204 cv em vez de 190 cv (14 cv a mais), embora o torque tenha sido mantido em 32,6 kgfm e disponível entre 1.450 rpm e 4.475 rpm. O curioso é que o Audi A3 Sedan tem o mesmo motor 2.0 turbo de 204 cv, que se difere do A4 por ter um sistema de 48 Volts no lugar de 12V. Outro ponto diferente é o torque: o A3 Sedan tem 30,6 kgfm (2 kgfm a menos que o A4).
A questão é que, seja qual for o modelo, a Audi não vende seus carros com sistema híbrido-leve como se fossem híbridos convencionais, onde o motor elétrico tem força suficiente para movimentar o carro sozinho. No caso do A4, o sistema é composto por uma pequena bateria e um gerador ligado ao motor, que na prática ajuda com uma força extra ao motor nas acelerações e retomadas, atuando antes do turbo entrar efetivamente em ação.
Ou seja, o sistema híbrido-leve atua na hora do carro sair da inércia, sempre trabalhando junto do motor 2.0 turbo, que acaba se esforçando menos nessas situações. Com isso, não há aquela típica sensação de turbolag, já que o pequeno motor elétrico atua na faixa de giros onde justamente o torque máximo ainda não está presente. Você acaba sentindo isso mais em ultrapassagens, pois sempre há a sensação de força em qualquer faixa de rotação do motor ao menor toque do acelerador. Ao mesmo tempo, reduz emissões e consumo em uma das faixas mais complicadas para o motor a combustão, a saída da inércia.
Em nossos testes, a retomada de 40 a 100 km/h ficou em 5,1 segundos. Para efeito de comparação, em nosso teste com o antigo A4 Performance Black (já fora de linha) com motor 2.0 turbo de 249 cv, 37,7 kgfm de torque e com tração integral quattro, essa retomada ficou em 4,4s – ou seja, a versão mais mansa ficou apenas 0,7 segundo atrás mesmo com 45 cv e 5,1 kgfm a menos. Na aceleração de 0 a 100 km/h, o A4 S Line fez 7,2 segundos.
Esses bons números não são reflexo apenas do 2.0 TFSI modificado com 14 cv extras, como também da consagrada transmissão automatizada de dupla embreagem de 7 marchas S tronic, que garante trocas bem rápidas. Na estrada ela atende muito bem nas reduções no momento de fazer uma ultrapassagem, enquanto na cidade você esquece que ela existe, tamanha a suavidade de funcionamento. Em relação a consumo, o sedã alemão registrou média de 9,2 km/litro, sempre usando o modo de condução mais econômico (Efficiency) aliado ao sistema start-stop. Novamente para comparação, o A4 2.0 turbo de 252 cv antigo gastava um pouco mais – fazia 8,7 km/l.
Com bom desempenho do famoso motor EA888, o número de consumo até que poderia ser um pouco melhor na cidade para um modelo híbrido-leve. Rivais como o próprio Série 3 conseguem números melhores mesmo sem qualquer tipo de eletrificação. Na prática, o pequeno sistema híbrido-leve de 12 Volts acaba ajudando mais para dar um gás extra ao A4 e também para deixá-lo dentro das novas normas de emissões do Proconve L7.
O que sem dúvida acaba chamando a atenção é o conforto do A4 S line mesmo montado em rodas de liga-leve de 19 polegadas. A suspensão é bem macia e filtra muito bem o nosso asfalto de “qualidade” das ruas das grandes cidades brasileiras, fora que proporciona bastante estabilidade em velocidades de cruzeiro em rodovias – ficando só um degrau abaixo do A5 Sportback nesse quesito.
Os bancos continuam acomodando bem, principalmente pelas abas laterais e pelo extensor que ajuda bastante a quem é mais alto, pois as pernas ficam bem apoiadas. O senão fica para quem vai no banco traseiro, com o túnel central é alto – herança do preparo para as versões com tração integral quattro. Esse tem tração dianteira.
Quanto custa?
A Audi vende o A4 2022 em apenas duas versões: o primeiro é a Prestige 2022 (R$ 292.990), que tem de série o famoso o painel de instrumentos digital Virtual Cockpit de 12,3”, iluminação interna em LEDs e rodas de liga-leve aro 18”. Recebe ainda chave presencial, câmera de ré, ar-condicionado automático, volante em couro com paddle-shift atrás do volante, sistema de monitoramento de pressão dos pneus, central multimídia de 10,1” e faróis de LED. O teto solar elétrico é opcional.
Acima está o A4 S Line 2022 deste teste por R$ 315.990, que engorda a lista de itens de série com rodas de liga-leve de 19 polegadas da Audi Sport, teto solar elétrico, faróis full-LED, bancos dianteiros esportivos com ajuste elétrico, piloto automática adaptativo, alerta de saída de faixa, soleiras de alumínio S Line iluminadas, 30 opções de cores para a iluminação interna, volante de base reta, ar-condicionado de três zonas, central multimídia com navegador e o pacote visual S line.
Além dos citados spoiler traseiro em fibra de carbono e faróis em LED Matrix, o A4 SLine pode receber ainda o sistema de som Bang & Olufsen com 19 alto-falantes (com subwoofer) e 755 W de potência e efeito 3D.